Quartas-Feiras

Quarta-feira é dia de meditação. Saio do trabalho, calço as chinelocas e arranco para o Estoril… o passeio é bonito pela marginal junto ao mar, e tem menos trânsito que a A5.

Em tempo de verão o Pedro dá aulas na tenda montada no pátio de casa, por isso é tão agradável sentar-me nas almofadas fofas, sentir a aragem de mais um dia de verão que chega ao fim e ouvir…..

Não é fácil ouvir…, não é nada fácil admitir que os pressupostos em que assenta a minha vida não são os mais verdadeiros, os que naturalmente escolheria para mim, os que conduzem à felicidade, mas os impostos durante anos por convenções sociais.

Falar de assuntos como a morte com leveza e aceitação, de desapego nos relacionamentos, do combate à indiferença, de desprendimento das coisas materiais, de impermanência, de karma, mexem connosco…

Algumas frases ao sairem sem máscaras e adornos da boca do Pedro, marejam-me os olhos de lágrimas…., vislumbro num ápice as questões por resolver, os lugares dos medos e tantas outras coisas que falam de mim, de um “mim” que tem muito para andar, que é frágil e pequenino e às vezes é enorme e corajoso.

Como volto sempre aos lugares que me metem medo, contínuo a voltar para a semana.

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