Glória


Glória, é nome de mulher, de mulher do norte.

Personificaste sempre para mim a típica nortenha, uma personalidade vincada, difícil de contrariar, absolutamente genuína em toda a sua essência, sem sombras de ambiguidade.

Em todos os anos que passámos juntas nunca falámos de coisas intangiveis, de amores, ódios, tristezas, sonhos ou fantasias, no entanto conversámos de outras que encerram tanta pureza e vida quotidiana que só por si são mágicas.

Ensinas-te a conversar com as plantas, a escolher legumes, a andar por trilhos coloridos na altura em que Benfica ainda era uma vila, a escolher peixe e a fazer croché.

Mostraste-me os cheiros dos mercados de manhãzinha, e os paladares de uma cozinha onde o pouco se transformava em muito de uma forma deliciosa.

E recebeste sempre os meus milhares de beijos, mesmo que como mãe não desses muitos.

O cheiro da tua casa ainda hoje me acompanha, assim como a lembrança das nossas sestas tranquilas pela hora do calor.

És a minha costela do norte, que encontrou a minha costela do sul, no centro do país, e de tantas maneiras a tua força habita em mim com mão de ferro, para balançear a calmaria dos campos de trigo que herdei do Alentejo.

Guardo-te para sempre no meu coração.

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